08/05/08

A crítica da crítica

Levantou-se tal burburinho com a nova crítica de arquitectura no Ípsilon, que até eu, aqui no meu "buraco", notei.

Esta nova forma de crítica tem como facto inédito, segundo a autora, a atribuição de uma pontuação (estrelas), uma pequena no entanto enorme diferença, já que obriga a um tipo de texto diferente, com uma "maior clareza no uso da linguagem do crítico" e "pressupõe uma crítica mais moralizadora, já que fazedora de gosto", ainda segundo a autora.

Esta novidade, que não é mais do que o formato já gasto da crítica de discos e cinema, e que coloca pela primeira vez a crítica de arquitectura neste patamar (mais um rude golpe na sacralização da arquitectura), representa realmente, um pequeno passo para a forma, um grande passo para o conteúdo.

Se as expectativas eram altas, a verdade é que temos mais do mesmo.
Um texto macio, escrito com pezinhos (mãozinhas?) de lã, onde se aborda o geral, o genérico, sem nunca particularizar. Não há, por exemplo, um único parágrafo descritivo (temos as fotografias, não é?).
Quanto à pontuação, não duvido que a mereça, mas não se percebe porquê. Fala-se no percurso do arquitecto (não é isso que está em causa) e percebe-se que teve uns pontos extra pelo facto da obra se situar no interior (já foi tempo, não?).


Apesar de tudo e apesar do texto não "jogar" com o formato é com alguma expectativa que espero as próximas críticas, só para ver até onde isto vai, é que se for como as anteriores tentativas não vai a lado nenhum.

Só para ficarmos com uma ideia da diferença entre o estado das coisas (da crítica) no país vizinho, deixo ficar o link para uma crítica ao The New Museum, projecto da dupla japonesa Sanaa, publicada no jornal ABC. Aqui.

Não é preciso agradecer.

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